26 janeiro 2008

A praça em 1964






“Praça” era a designação do local onde, aos Domingos, depois do almoço e envergando os seus fatos e vestidos domingueiros, separadamente se juntavam os homens e as mulheres em busca de patrão para a semana seguinte, pois que para contratarem o pessoal de que necessitassem lá estariam igualmente os capatazes ou os patrões cuja riqueza não dava para meter capataz, que era o caso do patrão-seareiro.

Em três locais diferentes e por esta ordem conheci eu a “praça”: no cruzamento da Rua de Santo António com a estrada que vai para a Azinhaga; junto à taverna das Motas, que confinava com o recinto da igreja; e no adro da igreja. Era um tempo em que raramente passava um veículo puxado por animais ou um ciclista, e mais raramente ainda um veículo motorizado. E, por isso, o pessoal ocupava a estrada.

Nesta imagem, datada de 1964, podem-se reconhecer, Luís da Conceição (de bicicleta), Francisco Cruz, Romão Sapateiro, Dionísio Vinagre e José Dias (ao fundo e à direita).
Nota - Outra referência a este ritual domingueiro dos trabalhadores assalariados, poderá encontrar em Perfume da Alma ou aqui na A Praça .



Texto e Fotografia de Guilherme Afonso 




16 janeiro 2008

Cheias do Tejo !


Neste inverno que ainda estamos a atravessar e ao invés de outros que já passaram, não houve as habituais cheias que o nosso rio Tejo sempre nos presenteava nesta altura do ano. Em tempos as águas do maior rio português procuravam, em zonas mais baixas das suas margens, lugar para dar vazão ao aumento de caudal em tempo de chuvadas de maior intensidade.

Hoje com as condições climatéricas alteradas e a construção de imensas barragens hidroeléctricas ao longo do seu leito, assiste-se gradualmente a uma ausência nostálgica das cheias do Tejo. Os mais entendidos na matéria, sempre as defenderam quanto à sua acção benéfica de efeitos fertilizantes nas terras alagadas pela passagem das suas àguas nesta zona do Ribatejo!

Salvaguardando aquelas que de níveis mais descontrolados, destruíam alguns afazeres de carácter doméstico, de facto, as terras banhadas por estas àguas, adquiriam uma condição agrícola de excepcionais características. As imensas vinhas que então existiam na nossa terra, raramente exigiam a condição de serem regadas durante todo o verão e os poços existentes nas muitas hortas e terras de cultivo, mantinham níveis de água consideráveis ao longo de todo o ano. Hoje a realidade, infelizmente, é bem diferente!


Em 2006 ocorreram no Pombalinho as últimas cheias , hoje resta-nos esta militância de vontades no reabrir deste tema de modos diferentes, mas que a muitos Pombalinhenses marcou, com toda a certeza, episodicamente as suas vidas!


Cheia 2006


Pombalinhenses em missão de ajuda aos nossos vizinhos de Reguengo de Alviela .

Foto_Correio da Manhã






Cheia que assolou o Pombalinho no ano de 1964, com as mulheres lavando roupa nas tão características "tripeças" e as crianças brincando na água. Momento registado fotograficamente por Guilherme Afonso, na confluência da Rua de Santo António com a Rua Manuel Monteiro Barbosa.




13 janeiro 2008

Casamentos VIII





É sempre com muito agrado que ficamos, quando surgem renovadas possibilidades de publicarmos fotografias sobre festas de noivados de Pombalinhenses. Hoje congratulamo-nos com o reavivar de memórias de um desses casamentos que ocorreu no ano de 1968 e os noivos foram os nossos bem conhecidos, Evangelina Barros e o seu marido Américo Graça.





05 janeiro 2008

A poda da vinha!







A poda da vinha é uma actividade agrícola de carácter sazonal que normalmente ocorre no início de cada ano e antes dos rebentos das videiras começarem a brotar. É das intervenções mais exigentes no que se refere ao saber, pois do seu rigor depende o sucesso a nível produtivo de toda a colheita que, lá para finais de Agosto, irá ser transformada nos nossos afamados vinhos brancos e tintos.

Tempo houve em que no Pombalinho homens de tesoura na mão e serrote à cintura, percorriam pacientemente os vãos das vinhas, rejuvenescendo o aspecto cansado das cepas e preparando-as para mais uma saudável frutificação! Hoje os tempos são de cultivo intensivo e nas poucas vinhas que ainda restam, resultado porventura do devaneio da globalização da monocultura, impera a presença fria e implacável das máquinas!

É por isso que recordar, nesta altura do ano, os que laboriosamente pegavam nas varas ou nos sarmentos e os seleccionavam para a próxima produção vinícola, faz todo o sentido neste nosso espaço de dedicação aos valores da memória. Infelizmente, só nos propósitos de uma justa divulgação é que é possível transmitir às gerações vindouras realidades que os tempos irreversivelmente teimam em apagar. E porque achamos que o futuro só se constrói superiormente com os ensinamentos do passado, continuamos orgulhosamente por aí!

Esta fotografia refere-se a um dos últimos grupos de trabalhadores do Pombalinho que podaram as vinhas da Quinta da Casa Barão de Almeirim, não se sabendo exactamente o ano em que foi registada. De entre outros, podem-se reconhecer, António Maria,  Jerónimo Mogas,  Nicolau Mogas,  Manuel “da neta” ,  Diamantino Grais,  Peralta,  Carlos Eleutério  e  Avilez.




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Colaboração Fotográfica_João Condeço