Júlio José Barreiros,
lavrador e proprietário, nasceu no Pombalinho em 20 de Dezembro de 1876 e
morreu em 30 de Outubro de 1944. Era filho de Hilário José Barreiros
e de Catarina dos Anjos Barreiros, também eles lavradores e agricultores
do Pombalinho e ele ainda feitor das terras do Barão de Almeirim.
Casou primeiro
com Alice
Ornelas Infante da Câmara 8 de Junho de 1905 na Igreja de
Santa Cruz do Pombalinho e em 1918, já no estado de viúvo, com Aurora Machado
Pedroso, professora do Ensino Primário no Pombalinho.
Júlio José Barreiros,
teve sete filhos. Cinco do primeiro casamento, Júlio da Câmara Barreiros
[28-Abr-1906 a 02-Ago-1988], Maria Emília Infante da Câmara Barreiros [02-Jun-1908 a
25-Set-1998], Hilário José Câmara Barreiros [ ], Hilária Catarina
Câmara Barreiros [???? a 21-Dez-1913], Alice Carolina Câmara
Barreiros [12-Jan-1912 a 24-Set-1989], e dois do
segundo, Noémia Pedroso Barreiros [21-Mai-1919] e Carlos Pedroso
Barreiros [01-Mai-1921 a 16-Jul-2002].
Primeiros anos - Em pequeno por ser de
constituição frágil e, dos irmãos, o único que não podia andar no campo, o pai
resolveu mandá-lo estudar, tirando o curso de ajudante de farmácia.
Actividade profissional
- Foi director técnico de uma farmácia em Vale de Figueira (Vilgateira?), de
outra na Azinhaga, e de outra em Lousa, a caminho de Montachique, contudo não
fez carreira desta actividade. Segundo a filha Maria Emília, "dedicou-se à agricultura mas
estava talvez à frente da época. Comprou o primeiro tractor da região. As
coisas não correram bem e teve que vender. Era empreendedor mas sem
sorte."
Segundo a
filha Noémia , " de manhã agarrava no pau do marmeleiro, saía,
ia ver os homens que estavam a trabalhar e pronto. Nunca trabalhou na terra nem
no tractor (o filho Júlio sim), gostava muito daqueles inventos novos, a
ceifeira, a debulhadora. Alugava o tractor aos outros que não tinham, mas isso
depois dava despesa que não conseguia recuperar. Para arranjar um motor, era
preciso vir um mecânico da Golegã e nisso gastava muito dinheiro.
A casa foi
remodelada numa altura em que as coisas subiram de preço. O orçamento subiu
loucamente durante a guerra e a casa nãochegou a ser acabada. Ficou rebocada e
com a parte de cima. Depois teve que vender a casa e as propriedades.
Tinha entretanto
falecido um empregado que era o braço direito dele - o Manuel Melão - de quem
era bastante amigo (nos dias de anos convidava-o sempre para se sentar à sua
mesa) e cujos filhos eram todos afilhados lá de casa."
Actividade
social - Casou-se
aos 29 anos com uma senhora nascida na Quinta da Mata (vizinha freguesia de S.
Vicente do Paúl), mas educada em casa de umas tias muito ricas do Pombalinho
que lhe deixaram uma valiosa herança.
O registo de casamento
dá a noiva, Alice Ornelas Infante da Câmara, como filha de pais
incógnitos; de facto só viria a ser perfilhada mais tarde, mas apenas pelo pai,
Manuel Infante da Câmara.
A esposa morreu
prematuramente por parto da filha Alice, ela própria também nascida
prematuramente. Júlio José ficou assim com três filhos muito jovens (dois já
tinham falecido).
Foi Presidente da Junta de Paróquia no
período de 21-Fev-1921 a
21-Mar-1921 , recebendo nesta qualidade a nova professora
do ensino primário, portadora de uma carta de apresentação - D. Aurora Pedroso
- com quem algum tempo depois viria a casar (esta senhora vivia até então na
casa que pertenceu a Júlio Câmara Barreiros, na Rua da Igreja) passando a viver
na "casa dos arcos". Tiveram dois filhos: Noémia e Carlos.
Amador e
organizador de touradas ,
actor e autor teatral
(escrevia peças de teatro e ensaiava sobrinhos e amigos no celeiro por debaixo
da escola primária, onde depois actuavam), músico (tocava acordeão), ensaiador
de ranchos folclóricos, era ainda famoso desenhador de monogramas e percursor
das palavras cruzadas. Gostava muito de conversar junto da farmácia com
lavradores da região, negligenciando a sua actividade económica; deslocava-se
frequentemente a Santarém e a Lisboa onde era assíduo frequentador de teatros e
de bons restaurantes.
Em 1938, sofrendo já de
grandes dificuldades económicas, veio definitivamente para Lisboa acompanhado
de toda a família, excepto o filho Júlio, entretanto já casado. Esta vinda
teria ainda sido motivada por questões de saúde - sofria de asma - e também
pelos estudos da Noémia e Carlos.
Saúde - Para além dos problemas de asma
sofria também do aparelho digestivo, em particular do fígado, que tratava nas
termas do Gerês.
Nos últimos anos de
vida engordou muito o que o obrigou a uma vida sedentária, imobilizando-o em
casa. Dedicou-se então ao fabrico de pequenas peças de madeira feitas de buxo
que tinha trazido do Pombalinho. Mobílias em miniatura, molduras e
dobradouras originais, agulhas de tricot, etc., etc., saíam das suas mãos com
toda a perfeição, apesar de apenas dispor de ferramentas manuais muito simples.
Nota - O autor
deste blog agradece e gentileza de Fernando F Barreiros na elaboração e
envio deste magnífico trabalho biográfico sobre o seu avô, Júlio José
Barreiros, para efeitos de publicação no blog
"Pombalinho".