Guilherme Afonso
estreou-se literariamente em 28 de Julho de 1959, com um conto publicado no
“Diário Ilustrado” de Lisboa. Depois, outros seus trabalhos surgiram
naturalmente, como “Um
conto... e Quinhentos” em 1963, “Amor
não se Vende” em 1973, “Para
uma Descolonização
Mental” em 1974 , “O
Futuro da Revolução” e “Abatido
ao Efectivo” em 1979 .
O livro que escolhemos foi publicado no ano de 1988, intitula-se “Circuito” e é
como o seu autor o define, "os contos que fui escrevendo ao longo de
trinta anos com intermitências mais ou menos prolongadas." E de entre
esses contos há um muito especial ..., bem, mas vamos às suas próprias e
elucidativas palavras, contextualizadas em Nota do Autor deste mesmo livro
“… O leitor
verificará, todavia, que incluí no livro um desses contos cuja acção se situa
nesse espaço longínquo – um espaço em que nasci e atingi a idade adulta e em
que, portanto, o fundamental do que sou e penso se formou.
Dois motivos me levaram a incluí-lo. Um, é o facto de ele aludir, com oliveiras e vinhas, a uma realidade que não está limitada ao espaço em que há oliveiras e vinhas: é a realidade dos explorados e daqueles que sofrem de alguma inferioridade física ou de certo de doenças (no caso de “ O Zé Hóstia” , a sua débil compleição e os ataques epilépticos do protagonista). O outro é considerá-lo eu um dos meus contos mais conseguidos e gostar muito dele, talvez porque também gostava muito daquele a quem roubei bastante para dar corpo ao meu Zé Hóstia – um dos meus companheiros camponeses durante muitos anos."